segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pare de reclamar da sua Igreja e olhe para aqueles que são perseguidos por sua fé!




Nós que fazemos parte da Igreja Livre, facilmente nos enfadamos dela. Por anos, eu pouco absorvi frequentando os cultos e reuniões em minha igreja local. Os sermões eram chatos. A música era desconcertante. A comunhão era inexistente.
A experiência de congregar e cultuar com outras pessoas parecia antiga e sem sentido. E era. Não estou exagerando no que falo e nem expressando amargura. Ir para a igreja em meu país era um teste de resistência.
Até que eu conheci de perto a Igreja Perseguida!
Estávamos em 50 pessoas, espremidas em um cômodo no andar de cima. O louvor foi silencioso. A vizinhança era hostil à comunidade. Então, um pregador se levantou. Um homem idoso com uma estrutura magra e mechas de cabelo saltando de uma mancha em seu queixo. Tão logo ele disse uma frase, irrompeu em lágrimas. Ele continuava dizendo: 'Nunca pensei que teria o privilégio de pregar novamente'. Então, ele ria e chorava, repetindo grandes gemidos e soluços. Logo, todos estavam chorando com ele. Exceto eu. Isto prosseguiu por cerca de meia hora e comecei a ficar enfadado de tudo e de todos. Ele continuava a falar a mesma coisa e meu tradutor continuava dizendo: 'É o mesmo versículo, é o mesmo versículo'. Tudo o que esse homem fazia era repetir a mesma frase da Escritura, explodir em lágrimas, rir e, então, falar a mesma frase novamente. Pensei comigo: 'Que tipo de culto é esse? Que culto inútil!'
Mas, após o culto, conheci o homem idoso e, ao ouvir sua história, me arrependi de minha atitude.
Ele era um pregador que havia sido ordenado no fim dos anos 50, na China. Pastoreou uma igreja por apenas seis meses, antes de ser fechada. Foi preso, passando 20 anos na prisão. Após sair, ficou doente por muito tempo, mas, finalmente, com a idade de 77 anos, teve forças para falar novamente.
Eu havia testemunhado seu primeiro sermão em 31 anos! Não é de admirar que ele não tenha se controlado. Tentei imaginar como deve ter sido manter a palavra de Deus consigo por 31 anos sem saber se voltaria a pregá-la novamente. Então, de repente, poder fazê-lo.
Como se prega um sermão após um silêncio de 31 anos? Não é de admirar que ele tenha sido superado pela emoção. Ele disse: 'Nunca pensei que teria o privilégio de pregar a Palavra a um grupo de cristãos com suas Bíblias abertas novamente. Nos longos anos de prisão, pensei que essa experiência nunca mais aconteceria. E quando aconteceu, tudo o que eu podia fazer era engasgar no versículo que me manteve: 'Cantem o seu louvor na assembleia dos santos' (Sl. 149.1b).'
Voltei para casa com a mente transformada. Comecei a frequentar a igreja com entusiasmo, exibindo a todos a minha Bíblia, louvando-O pela liberdade. Chegava na igreja bem mais cedo, andava pelos corredores e orava, agradecendo a Deus pelo prédio e pela liberdade de fazer nosso culto.
Quando o pregador falou, agradeci a Deus por ele não ter medo. Quando a Bíblia foi lida, agradeci a Deus pelos homens que arriscaram suas vidas, no passado, para imprimir e distribuir esta palavra em minha língua. Quando cantamos um hino, eu cantei alto, agradecendo a Deus por não ter de sussurrar em tons silenciosos.
Verdadeiramente, posso dizer que é glorioso participar da adoração em comunidade! Parei de reclamar de quão pobre era essa experiência e me regozijei pelo puro privilégio de frequentar uma reunião sem medo.
A Igreja Perseguida me resgatou da amargura, da mesmice, da mornidão espiritual e me ensinou a testemunhar dos feitos do Senhor, das bênçãos recebidas, especialmente daquelas às quais eu não dava valor."
Ron Boyd-MacMillan é coordenador estratégico e trabalha com a Portas Abertas Internacional há mais de 20 anos.

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